O autor da idéia do lançamento da «Ilha da Fantasia é o diretor de criação da Propaganda Estrutural, RogerÍo Steinberg, que julgou interessante avaliar a imagem de
uma rua sem saída, pequena e isolada, a um empreendimento que desse a sensação de se estar numa ilha, num local aprazível. Depois foi só juntar Agildo e Jô, que já haviam interpretado na TV os personagens do seriado e os demais comediantes. A Globotec, empresa responsável pela realização do comercial, pela primeira vez utilizou o desenho animado gravado em vídeo-teipe.
Dúvidas- Personagens complicados
Coluna Telefan - Revista da Tevê
O Globo, 4 de abril de 1982
Associar o edifício de apartamentos a uma ilha fantástica, já conhecida do público e éden soberbo da realização dos mais recônditos desejos das pessoas, foi artifício criativo e rico na chamada estratégia da comunicação. E tão mais difícil quando se sabe ser complicado e engenhoso fazer um público sorrir.
-Foi fácil- me conta Rogerio Steinberg, da Estrutural.- O único problema ficou por conta dos horários de cada um, todos sempre muito envolvidos aqui e ali, viagens, shows pelo Brasil, teatro e programas de TV. Mas no fim deu certo.
...Como você vê a Ilha da Fantasia faz mesmo milagres. Tanto em seriado como em comercial. Além de vender trezentos dos quatrocentos apartamentos anunciados, fez você rir bastante nos intervalos televisivos e ainda promoveu o encontro de dois de .nossos grandes profissionais, dois homens cheios de graça, merecedores de nosso respeito e de nosso mais sincero carinho...
Lúcia Leme
MG-500 realiza o sonho de paz de Jô e Agildo Ribeiro.
Coluna Publicidade na TV Revista Amiga, maio, 1982
Rogerio era um homem de propaganda que sempre soube utilizar o humor dentro de suas criações. Eu o conheci através do trabalho, fui convidado para uma série de comerciais e ficou, além do relacionamento profissional, um relacionamento de amizade, de conhecimento. Ele era extraordinário, muito criativo, gostava do que fazia, a grande curtição dele era exatamente o próprio trabalho. Inclusive, com as opções que tinha,
poderia trabalhar naquilo que quisesse, em televisão, cinema, ou teatro. Mas escolheu exatamente a propaganda que era uma coisa viva dentro dele, que estava mesmo no sangue dele. Todos os comerciais que eu fiz com ele foram dirigidos por ele. Rogerio era um profissional muito exigente, um diretor que, enquanto a coisa não ficasse exatamente como achava que devia, não sossegava. Isso aliás era motivo para muita discussão, na hora de gravar, para ver o que ficava melhor. Também não era um teimoso. Enquanto não ficasse realmente convencido daquilo, não mudava de opinião, mas, quando via que o que você estava sugerindo era o melhor, aceitava. Tem alguns comerciais que eu fiz com ele que são inesquecíveis. O apartamento onde o gordo faz a festa, um comercial de 30 segundos, onde devo ter feito mais de 15 personagens, contando com o Mordomo da Família Trapo, revisitado. Ele sempre me chamava para fazer uma série de personagens. A criação do tipo geralmente ficava por minha conta e já apresentava os personagens criados, de acordo com a sugestão que ele me dava. Eu acho que o Rogerio se mantinha informado de tudo. A Ilha da Fantasia foi um comercial bolado em cima do que a gente, Agildo e eu, tínhamos feito no Planeta dos Homens. Ele aproveitou, recuperou essa dupla para fazer o comercial igual ao que a gente fazia no programa. Era um profissional e uma pessoa que deixam muitas saudades.
JÔ SOARES
Humorista